sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sonhar não!

       Hj me peguei pensando em como mudei meu comportamento ao longo do anos. Nossa! Quando eu era adolescente, eu sonhava pra caramba. E não era dormindo não, era acordado mesmo. Pq será que hj
em dia eu sonho tão pouco, hein? Será que as decepções me tornaram uma pessoa "Insonhável" ? rs

      Bem, o fato é que hj eu vou postar um texto de minha autoria que fala de sonhos e  pesadelos... Espero q gostem!



SONHAR NÃO!

             Esta noite eu tive um sonho. Sonhei que não podia mais sonhar; que estava em um mundo totalmente cruel e materialista, e as autoridades faziam questão de lembrar à população: SONHAR NÃO!

            A partir daquele momento o caos se instalava no mundo real. Viver nele era difícil, pois tinham nos tirado a única coisa que amenizava o sofrimento diário de viver: Sonhar... A arte de projetar nossos desejos mais profundos em um lugar escondidinho que liga diretamente a cabeça, a alma e o coração. E o discurso se seguia: SONHAR NÃO!
            Os africanos definhavam cada vez mais, pois não podiam mais sonhar matando a fome e a sede, não podiam mais desejar o fim do sofrimento e a chegada de um salvador que trouxesse o contentamento de dias melhores.

            Os norte-americanos viviam o seu pior pesadelo: o de cair na realidade cruel de que não eram o centro do universo. Não podiam mais sonhar que o mundo girava em torno dos seus próprios umbigos e que o resto do universo era seu serviçal. Não sonhavam mais com o mundo prostrando-se diante deles. Agora se viam projetados em cenas de guerra em que eram os bandidos, não podiam mais sonhar com a ilusão de serem os mocinhos que pelejavam por um mundo melhor.

            Ah, como era cruel não poder sonhar. A realidade jogava na nossa cara, do seu modo mais cruel, que o inferno era aqui.

            Os meninos de rua, os sem teto, os sem terra e todos os outros “sem” agora se juntavam ao resto da humanidade em um novo grupo social: os sem sonhos.

            SONHAR NÃO! Os sonhos tinham sido proibidos, mas os pesadelos estavam totalmente liberados. Inclusive era o que mais fazíamos: pesadelávamos todo dia, toda hora, todo instante.

            Os afegãos pesadelavam com novas guerras, os nossos japoneses já não eram os mais criativos. Os argentinos tinham pesadelos terríveis com novos dias de recessão econômica enquanto os cubanos temiam outro ditador de grande crueldade e os sul-africanos pesadelavam com a pior de todas as pragas: a indiferença, que juntamente com a AIDS, se apossara daquela nação.

            Pelos quatro cantos da terra, o som terrível de gritos imponentes se alastrava. SONHAR NÃO!

            No Brasil não era muito diferente. Nossos atletas não sonhavam mais com vitórias, nosso povo pesadelava o pior pesadelo da nação: nossos governantes rodeados de corrupção. Os sonhos de acabar com a prostituição infantil, de pôr um fim nas inúmeras guerras civis, nas diferenças sociais, na mortalidade infantil, no descaso com os idosos, no preconceito vivido pelos deficientes, negros e homossexuais... Nossos sonhos de viver em uma sociedade justa e igualitária para todos fora arrancado do nosso peito.

            Oh, pátria amada Brasil, éramos proibidos de te engrandecer, de admirar tua soberania, de sonhar com essa possível soberania. O grito de misericórdia do teu povo fora silenciado pelas autoridades que desejavam um mundo submisso à suas vontades e interesses. Eles podiam sonhar, nós? A estocada era forte, fria e cruel para nossos ouvidos: SONHAR NÃO!

            Ouvia-se em todo teu território, de um povo heróico o brado retumbante: oh pátria amada, idolatrada, salve! Salve! Salve o seu povo do destino cruel de viver num mundo sem sonhos. Salve os seus habitantes da crueldade de não poder enxergar, em meio a tanto sofrimento e desolação, um momento que seja da alegria sonhadora de estar vivo e sentir que vale a pena continuar vivendo.

            Mas a única coisa que se ouvia era o coro sem razão: SONHAR NÃO!

            Brasil, um sonho intenso... Um sonho intenso de um dia voltar a sonhar. E com o eco desse coro descomunal, do meu triste sonho de não poder sonhar eu despertei. Aquilo mexera comigo. Minha respiração estava ofegante, meus olhos cheios de lágrimas. Ah! Como era importante poder sonhar. Mas percebi também que sonhar apenas não era o bastante, todo sonho vem acompanhado do mais profundo desejo de ser realizado.

            Como é bom sonhar com a realização de um sonho...


            Bom é poder observar o luar ao lado de quem se gosta. Bom é acordar atrasado, faltando dez minutos para chegar ao trabalho, e descobrir que dez minutos, de repente, podem se transformar em uma hora.

 Bom é dizer bom dia. Bom é ter um bom dia! Bom é cochichar no pé do ouvido, beijar, abraçar... Amar. Bom é ter um pai e uma mãe, bom é ter coragem para dizer: TE AMO PAI, TE AMO MÃE. Bom é tomar café da manhã, almoçar e jantar; melhor ainda é respirar, ouvir, enxergar, falar, andar e ter todos os sentidos aguçados com um beijo ao despertar.

Bom é ir ao cinema, ler um bom livro, cantar debaixo do chuveiro, sair com os amigos. Bom é ter amigos... Mas amigos verdadeiros, daqueles que te decepcionam por falar a verdade, mas que ao enxergarem a sua decepção, se jogam em teus braços em um caloroso abraço e te pedem perdão, desencadeando a mais sonora das gargalhadas...

Bom é dar gargalhadas, sem razão e hora certa, daquelas que pegam seu amigo de surpresa, provoca-lhe um susto e segundos depois o convida para compartilhar risadas que, de tão fortes e incontroláveis, te fazem chorar...

Bom é chorar, seja um choro de tristeza que alivia a alma, seja um choro de emoção, ao ver que um sonho acaba de se realizar, seja um choro de alegria ao perceber que no nascimento do seu filho, todos os seus sonhos parecem se materializar de forma tão pequenina, mas tão avassaladora.

Tudo isso é vida, e bom? Bom mesmo é viver.

Mas melhor que tudo isso é saber que todas essas coisas se resumem em uma só palavra: SONHOS. Sonhos que já realizamos ou que ainda vamos realizar, mas que já fazem parte das nossas vidas. Sonhar é viver.

Pois é, eles podem se realizar! E diferentemente do meu sonho, você não foi proibido de fazê-lo, então... Sonhe, porque sonhar é preciso e realizar é necessário.



         

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