segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

     Bom dia meus leitores queridos! Sabe o que desejo para vocês? Uma ótima semana, cheia de surpresas suspirantes e...




                                                    O que te desejo neste dia?...


... Sonhos...

... Sonhos daqueles que achamos impossíveis de sonhar, do tipo que pega a gente de surpresa em plena segunda-feira e leva a gente para outro mundo... Outra dimensão onde tudo pode ser possível.

Sonhos daqueles que tornam nossos dias menos difíceis, que tornam nossas atitudes menos amargas, que nos ajudam a enxergar mal com olhos de bem, tristeza com olhos de alegria, dissabores com línguas de sabores, cores, formas, arrepios... Sensações.

Sonhos jamais sonhados, lugares inexplorados, um cheirinho de quero mais, uma carinha de quem está gostando...

Não aquele tipo de sonho comum, fácil de sonhar, que se torna obsoleto assim que se realiza. Não esse tipo de sonho... Definitivamente não.

Estou falando de sonhos loucos, impensáveis, até então insonháveis.  Sabe aquele tipo de sonho totalmente exclusivo que parece ter sido criado por você? Que você sonha e na mesma hora pensa: “Só eu mesmo para sonhar com uma coisa dessas”. É desse tipo de sonho que estou falando.

Sonhos que trazem gargalhadas em meio às lágrimas. Do tipo que te arranca à força desse mundinho previsível, preto-e-branco e sem sal e te joga de pára-quedas em um mundo só seu. Um mundo que parece uma obra de arte, onde você é quem decide os traços, as formas e as cores que ele terá.

E que se dane o quase, o talvez, o não sei. Que se danem os nós, as amarras, a lucidez...

Que fique para trás a descrença, o descrédito, a impaciência, a falta de fé... Por que não dá para sonhar esse tipo de sonho se você se prende a infortúnios que tais. Pessoas limitadas não são mentalmente capazes desse tipo de proeza!

Esse tipo de sonho só se pode sonhar se você for louco demais, maluco, lélé da cuca... Imprevisível na melhor forma de sê-lo. E é obvio que você deve estar preparado para ser apontado como tal:

- Lá vai o doido que sonha...

- Lá está o maluco completo que pensa que pode sonhar...

Mas afinal, o que é a loucura? Quem decide a medida da sanidade? Vale à pena arriscar-se nos terrenos psicodélicos da arte de sonhar?

A escolha é sua! Mas se você resolver dar um passo à frente do desconhecido, acredito que, em algum momento, alguém também vai te olhar e comentar:

- Lá está a pessoa que ousou sonhar.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Depois de algum tempo ausente, resolvi atualizar o Talas de Bambu!

       Ontém estive em Maceió e tive a felicidade de rever pessoas muito especiais pra mim. Depois de dois anos e meio de ausência física, pude perceber que aquilo que nos une, seja lá o que for, é infinitamente mais forte do que o toque frio e voraz do tempo. É para essas pessoas que dedico o post de hoje!





TRANSFORMADORES DE ALMAS



É tarefa difícil escrever ou desejar algo para alguém que amamos e/ou admiramos sem cair na rotina de nos tornarmos repetitivos e acabarmos escrevendo tudo aquilo que já falamos ou enveredarmos pelos caminhos das frases feitas, que apesar de bonitas e emocionantes, não são palavras exclusivas para pessoas tão especiais.

Ter um amigo verdadeiro é dádiva divina. A palavra amigo é mágica, em apenas um segundo ela pode modificar todo um sentimento de tristeza e transformar almas. Se me pedissem pra definir esta palavra, a definiria exatamente desta maneira: transformadora de almas. E é justamente por ter esta função tão nobre e tão avassaladora, que julgo não ser tão simples escrever para amigos.

O importante é saber e ter a consciência de que, às vezes, gestos valem mais que palavras. Que para pessoas que se encontram em perfeita sintonia, um simples olhar pode ser decifrado de forma tão intensa que é capaz de desencadear uma incontrolável gargalhada ou apunhalar um coração, resultando num afluente de lágrimas infindáveis.

Os gestos são reflexos da alma. Um simples sorriso pode salvar a vida de um ser humano sem esperanças, um abraço sincero pode amenizar a dor mais profunda de um ser. Um beijo no rosto é capaz de amolecer um coração de pedra, e se o beijo for na boca, aí nem eu sei o que ele é capaz de fazer.

A alma é o baú sagrado dos sentimentos; todos ficam lá, escondidinhos, lado a lado: O amor e o ódio, a tristeza e a felicidade, a bondade e a maldade... Todos saem do mesmo lugar, todos são libertos do baú sagrado em momentos específicos de nossas vidas.

A função do amigo - do transformador de almas - é justamente liberar os bons sentimentos e modificar os maus, fazendo com que os bons momentos de nossas vidas sejam perpetuados infinitamente.

O interessante é que o amigo, muitas vezes, necessita do seu próprio transformador de almas, e é aí que nos transformamos em um. Todos somos transformados e transformadores ao mesmo tempo, e esse é o segredo da verdadeira amizade: duas pessoas que dividem sentimentos e exteriorizam os mesmos de forma tão mágica que se tornam um.

Ter ouvidos para ouvir e ter “boca para escutar”, e num momento de guerra, um aperto de mãos, cruzando-se como se fossem dádivas, faz todo cenário mudar.

Um sonho, um abraço, um sorriso, um afago, um amasso... Coisas da alma, estágios do coração, sem explicação, sem preço, sem momento e sem razão de ser.

São gestos. Apenas simples gestos. Mas que traduzem todos os sentimentos de almas imaculadas; almas que se aproximaram pelas mãos do destino e que protagonizam histórias de uma vida. Almas que se entendem, que se completam, que curam feridas e que libertam emoções aprisionadas pelas cadeias da vida. Almas que sabem o sentido verdadeiro de se ter um amigo do peito.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Hoje vou dar um tempinho nos textos de minha autoria para postar um de uma escritora de Recife que tive a oportunidade de conhecer quando fazia faculdade de jornalismo em Campina Grande. Adoro esse texto da Alaíde Correia Lima... Leve, engraçado e sagaz. Com vocês...





SEXO NA ESCOLA

                - Tio, o que é sexo?
            Na idade de Cristo, solteiro, ele nunca se preocupara com educação sexual de crianças, não estava preparado para ouvir perguntas que tais.
            A sobrinha o encarava, os grandes olhos fixos nele. Como explicar a essa menininha de rosto angelical, sete anos incompletos, o significado de algo que transcende os seres humanos, ora sublime, ora grotesco, ou maravilhoso ou execrável?
            ... que move o sol e outras estrelas...
            Não, isso aí é o amor. Ah, certamente deveria vinculá-lo à noção de amor, sim, seria da mais alta relevância.
            - Sexo é o que um homem e uma mulher fazem...
            - A pessoa não já nasce com ele não?
            - Nasce, é necessário ter sexo para fazer sexo.
            - Quando nasce já tem, e ainda é preciso fazer?
            - Bem, fazer sexo, ou fazer amor que é a mesma coisa...
            - Sexo é a mesma coisa que amor?
            - Não, não. Fazer sexo é o mesmo que fazer amor. Mas se pode fazer sexo sem amor.
            - E amor sem sexo?
            - Existe. Quando não se pode fazer.
            - Por que não se pode fazer? É sem-vergonheza?
            - Não é isso. É que...
            - Precisa ter amor para fazer amor?
            - Não. Para fazer amor não se precisa ter amor.
            - O amor junta as pessoas, não é, tio?
            - É, sim.
            - E o sexo também junta?
            - Junta.
            - Não separa?
            - Às vezes separa.
            A porta da sala se abriu e entrou a mãe da garota. Felizmente.
            - Janaina me perguntou o que é sexo.
            - Por que você quer saber isso, Janaína?
            - porque a professora disse que, amanhã, para o ensaio da festinha, as turmas vão ser separadas Por sexo.
           

terça-feira, 11 de janeiro de 2011




CIRCO BRASIL


           
            É engraçado ser humano. É engraçado ser chamado de racional quando nosso corpo sucumbe à irracionalidade furiosa do mundo material; e chega a ser cômico o nosso comportamento de palhaço diante do picadeiro infindável que se estende ao nosso redor.

E aqueles que se dizem donos deste mundo circense nos escolheram para atuar nele como artistas. É isso mesmo: somos os maiores artistas a pisar neste palco. E aqueles que nos fizeram assim, nos disseram para pintar a cara, pôr uma roupa colorida e uma bola vermelha no nariz, e foi assim que nos fizeram palhaços.
Feito isto, chamaram seus familiares e amigos, sentaram nas arquibancadas e começaram a se divertir enquanto nós, artistas, fazíamos o nosso papel: Divertir a burguesia e, com isto, fazer com que nossos superiores se sentissem felizes e realizados.

            Nossos espetáculos tinham números novos quase que diariamente, e os donos do circo tratavam logo de divulgar o show:

            ­­“Hoje, imperdível! O palhaço João morre de fome junto com seus quatro filhos. Logo após, a palhacinha Marta, de apenas oito aninhos, vai vender drops no sinal para levar comida para casa; e para fechar o espetáculo com chave de ouro teremos a Troupe Circense Meninos de Rua, com o espetáculo: Ei, Dona Maria, me dê um prato de comida e uma roupinha velha que eu estou morrendo de fome e de frio.”

O resultado já era de se esperar: Arquibancadas lotadas, e os pagantes exigiam bis.

            Não gostávamos de atuar. Desejávamos ardentemente o fim de tudo aquilo, tanto que fomos falar com os patrões que, para aliviar a barra, fizeram um trato conosco:

            -A partir de hoje vocês serão profissionais.

            E foi aí que legalizaram a profissão de palhaço. Pensamos:

            “Que bom, agora que somos profissionais, tudo mudará”

            E parecia que mudaria mesmo. Recebíamos uma ajudinha para comprar o gás de cozinha, e as crianças tornaram-se o nosso comércio particular, pois nossos patrões falaram que se elas fossem à escola, receberíamos uma tal de bolsa auxílio. A idéia foi tão boa que logo foi incluída como o ápice dos nossos espetáculos.

Assim vieram os shows seguintes: Palhaça Maria morre de sede no sertão nordestino; palhaços ambulantes pagam propina para poder trabalhar; bandidos sequestram dois bobos da corte; palhaço José é vítima de um assalto, acaba ferido e pode perder a perna por negligência médica.
            Depois de tanto trabalho, ficamos cansados e novamente pensamos em abandonar tudo. Foi então que tivemos a notícia de que o circo mudaria de dono e que quem escolheria o novo comandante seríamos nós. Os candidatos a dono do circo começaram a aparecer. No princípio pareciam muito legais. Apertavam nossas mãos, colocavam nossos filhos nos braços, nos davam roupa, comida... Diziam que se os escolhêssemos, tudo mudaria, teríamos moradia, saúde e emprego. Nossos espetáculos mudariam pra melhor.

            Foi então que começamos a convencer nossos amigos e familiares a votar naquele que nos prometia mais melhorias. Porém, quando escolhíamos, tudo voltava a ser como antes. Às vezes até piorava. 

De quatro em quatro anos, escolhíamos um novo dono, e sempre aconteciam às mesmas coisas: choviam promessas, mas depois nada se concretizava. Foi aí que cansamos de escolher as pessoas erradas e resolvemos votar em um dos nossos. Escolhemos um “companheiro palhaço” como a gente.

            Com o passar do tempo, começamos a perceber que nosso escolhido não estava conseguindo cumprir com as promessas feitas. Nos pediu paciência, falou que tudo melhoraria. Mas palhaço que tem fome não come promessas; palhaço que tem sede não bebe paciência, pois não dá pra ficar matando a sede na saliva.

            E o nosso ex-palhaço, agora dono do circo, até tentou fazer com que deixássemos de ser artistas e pensou em nos dar outra profissão, mas logo vieram seus novos “companheiros” e falaram que ele não fizesse isto, que era melhor nos deixar como estávamos. Afinal, estávamos bem. Palhaço é profissão, bobo é quem ri.

            Bobo é quem faz da morte um espetáculo; quem faz da fome seu sustento. Bobo é quem faz da sede o seu oásis e da felicidade alheia o seu lamento.

Bobo é quem consegue sentar nas arquibancadas do circo dos miseráveis e sorrir, deliciando-se com o espetáculo lamentável dos palhaços da vida.

            Por fim, digo que bobo é quem está lendo esta crônica neste exato momento e não se identificou como sendo um palhaço. E você, que continua lendo e não consegue se identificar como sendo um dos nossos, vamos nos apresentar: Muito prazer. Somos palhaços. Mas pode nos chamar de povo brasileiro.


domingo, 9 de janeiro de 2011

A visita

Boa Madrugada gente!

Pois é... madrugada. Quase uma da manhã e eu acabo de escrever mais um texto para o Talas de Bambu e resolvi postar imediatamente, pois esse é o momento ideal para esse post!  Espero que gostem!




A Visita

Os ponteiros do relógio sobrepunham-se um ao outro, maior sobre menor, como se estivessem engatados em uma conexão tão perfeita que me davam a impressão de que aquela pausa momentânea onde os dois tornavam-se um, tinha um quê de sexual. A madrugada já dava o ar de sua graça desacelerada, transformando as ruas soturnas em um lugar inabitável para vivas almas.
Aqui dentro do meu minúsculo apartamento, resolvi, meio que a contra gosto, desligar o computador e lançar-me nos braços de Hipnos, esperando que não demorasse muito para que ele me transportasse para os braços de Morpheus.
Lacrei a porta do meu templo de sonhos na intenção de impedir a invasão de qualquer som ou réstias de luz e entreguei meu corpo seminu aos caprichos das molas ortopédicas e das penas de ganso. Baixei as cortinas dos telões de minhas retinas, encerrando as projeções daquele dia. Envolvi-me em seda branca e deixei minha respiração e meus pensamentos se tranquilizarem.
Foi então que ela me surpreendeu. Eu não estava sozinho como imaginava. A Dama misteriosa foi se aproximando devagar, taciturna, deslizando suas curvas perigosas sobre os lençóis, seduzindo-me, tragando minha alma e me deixando entregue aos seus caprichos.
Meu corpo começou a ficar quente. As gotículas de suor escorreram sob minha pele desnuda e o calor que de repente fez-se presente fez com que a fina seda que me cobria parecesse um pesado cobertor de pelos. Livrei-me imediatamente dos lençóis, o que me deixou mais vulnerável às investidas daquela sedutora.
Ela não perdeu tempo. Rapidamente enroscou-se em mim, rareando o ar, me deixando atônito. Os travesseiros também estavam quentes. Virei-os e revirei-os, tentando encontrar um pouco de frescor para minha nuca borbulhante. Não adiantou. Eu estava sob ela, totalmente inerte, entregue. Por um momento, tentei não sucumbir aos seus caprichos, mas o poder que emanava daquela presença reprimia meus sentidos.
A cama estava totalmente desarrumada. Os movimentos que eu fazia eram rápidos, intensos, quase que desesperados. Àquela altura do campeonato, meus cabelos já estavam desgrenhados, minhas pernas estavam retesadas, doídas. Todos os meus sentidos estavam intensamente vívidos – mesmo que o cansaço já se fizesse presente – alertas, eletrizados, como se fossem fios desencapados digladiando-se uns com os outros.
Não adiantava resistir aos apelos daquela intrusa. Todas as tentativas de tomar o controle da situação eram vãs. Ela era a dominatrix, eu o seu escravo.  Açoitava-me com seu chicote invisível, dando risadas cínicas quando eu, não resistindo mais, dava longos suspiros ou reclamava das dores que começava a sentir nas costas.
Quando pensei que não conseguiria mais escapar da teia traiçoeira daquela viúva negra, consegui surpreendê-la em um momento de distração e acendi a luz do abajur. Ela olhou-me com cara de surpresa por um pequeno instante, eu retribuí o olhar e finalmente pedi-lhe por clemência como se fosse um condenado implorando por liberdade:
- Deusa Insônia, deixa-me dormir.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sonhar não!

       Hj me peguei pensando em como mudei meu comportamento ao longo do anos. Nossa! Quando eu era adolescente, eu sonhava pra caramba. E não era dormindo não, era acordado mesmo. Pq será que hj
em dia eu sonho tão pouco, hein? Será que as decepções me tornaram uma pessoa "Insonhável" ? rs

      Bem, o fato é que hj eu vou postar um texto de minha autoria que fala de sonhos e  pesadelos... Espero q gostem!



SONHAR NÃO!

             Esta noite eu tive um sonho. Sonhei que não podia mais sonhar; que estava em um mundo totalmente cruel e materialista, e as autoridades faziam questão de lembrar à população: SONHAR NÃO!

            A partir daquele momento o caos se instalava no mundo real. Viver nele era difícil, pois tinham nos tirado a única coisa que amenizava o sofrimento diário de viver: Sonhar... A arte de projetar nossos desejos mais profundos em um lugar escondidinho que liga diretamente a cabeça, a alma e o coração. E o discurso se seguia: SONHAR NÃO!
            Os africanos definhavam cada vez mais, pois não podiam mais sonhar matando a fome e a sede, não podiam mais desejar o fim do sofrimento e a chegada de um salvador que trouxesse o contentamento de dias melhores.

            Os norte-americanos viviam o seu pior pesadelo: o de cair na realidade cruel de que não eram o centro do universo. Não podiam mais sonhar que o mundo girava em torno dos seus próprios umbigos e que o resto do universo era seu serviçal. Não sonhavam mais com o mundo prostrando-se diante deles. Agora se viam projetados em cenas de guerra em que eram os bandidos, não podiam mais sonhar com a ilusão de serem os mocinhos que pelejavam por um mundo melhor.

            Ah, como era cruel não poder sonhar. A realidade jogava na nossa cara, do seu modo mais cruel, que o inferno era aqui.

            Os meninos de rua, os sem teto, os sem terra e todos os outros “sem” agora se juntavam ao resto da humanidade em um novo grupo social: os sem sonhos.

            SONHAR NÃO! Os sonhos tinham sido proibidos, mas os pesadelos estavam totalmente liberados. Inclusive era o que mais fazíamos: pesadelávamos todo dia, toda hora, todo instante.

            Os afegãos pesadelavam com novas guerras, os nossos japoneses já não eram os mais criativos. Os argentinos tinham pesadelos terríveis com novos dias de recessão econômica enquanto os cubanos temiam outro ditador de grande crueldade e os sul-africanos pesadelavam com a pior de todas as pragas: a indiferença, que juntamente com a AIDS, se apossara daquela nação.

            Pelos quatro cantos da terra, o som terrível de gritos imponentes se alastrava. SONHAR NÃO!

            No Brasil não era muito diferente. Nossos atletas não sonhavam mais com vitórias, nosso povo pesadelava o pior pesadelo da nação: nossos governantes rodeados de corrupção. Os sonhos de acabar com a prostituição infantil, de pôr um fim nas inúmeras guerras civis, nas diferenças sociais, na mortalidade infantil, no descaso com os idosos, no preconceito vivido pelos deficientes, negros e homossexuais... Nossos sonhos de viver em uma sociedade justa e igualitária para todos fora arrancado do nosso peito.

            Oh, pátria amada Brasil, éramos proibidos de te engrandecer, de admirar tua soberania, de sonhar com essa possível soberania. O grito de misericórdia do teu povo fora silenciado pelas autoridades que desejavam um mundo submisso à suas vontades e interesses. Eles podiam sonhar, nós? A estocada era forte, fria e cruel para nossos ouvidos: SONHAR NÃO!

            Ouvia-se em todo teu território, de um povo heróico o brado retumbante: oh pátria amada, idolatrada, salve! Salve! Salve o seu povo do destino cruel de viver num mundo sem sonhos. Salve os seus habitantes da crueldade de não poder enxergar, em meio a tanto sofrimento e desolação, um momento que seja da alegria sonhadora de estar vivo e sentir que vale a pena continuar vivendo.

            Mas a única coisa que se ouvia era o coro sem razão: SONHAR NÃO!

            Brasil, um sonho intenso... Um sonho intenso de um dia voltar a sonhar. E com o eco desse coro descomunal, do meu triste sonho de não poder sonhar eu despertei. Aquilo mexera comigo. Minha respiração estava ofegante, meus olhos cheios de lágrimas. Ah! Como era importante poder sonhar. Mas percebi também que sonhar apenas não era o bastante, todo sonho vem acompanhado do mais profundo desejo de ser realizado.

            Como é bom sonhar com a realização de um sonho...


            Bom é poder observar o luar ao lado de quem se gosta. Bom é acordar atrasado, faltando dez minutos para chegar ao trabalho, e descobrir que dez minutos, de repente, podem se transformar em uma hora.

 Bom é dizer bom dia. Bom é ter um bom dia! Bom é cochichar no pé do ouvido, beijar, abraçar... Amar. Bom é ter um pai e uma mãe, bom é ter coragem para dizer: TE AMO PAI, TE AMO MÃE. Bom é tomar café da manhã, almoçar e jantar; melhor ainda é respirar, ouvir, enxergar, falar, andar e ter todos os sentidos aguçados com um beijo ao despertar.

Bom é ir ao cinema, ler um bom livro, cantar debaixo do chuveiro, sair com os amigos. Bom é ter amigos... Mas amigos verdadeiros, daqueles que te decepcionam por falar a verdade, mas que ao enxergarem a sua decepção, se jogam em teus braços em um caloroso abraço e te pedem perdão, desencadeando a mais sonora das gargalhadas...

Bom é dar gargalhadas, sem razão e hora certa, daquelas que pegam seu amigo de surpresa, provoca-lhe um susto e segundos depois o convida para compartilhar risadas que, de tão fortes e incontroláveis, te fazem chorar...

Bom é chorar, seja um choro de tristeza que alivia a alma, seja um choro de emoção, ao ver que um sonho acaba de se realizar, seja um choro de alegria ao perceber que no nascimento do seu filho, todos os seus sonhos parecem se materializar de forma tão pequenina, mas tão avassaladora.

Tudo isso é vida, e bom? Bom mesmo é viver.

Mas melhor que tudo isso é saber que todas essas coisas se resumem em uma só palavra: SONHOS. Sonhos que já realizamos ou que ainda vamos realizar, mas que já fazem parte das nossas vidas. Sonhar é viver.

Pois é, eles podem se realizar! E diferentemente do meu sonho, você não foi proibido de fazê-lo, então... Sonhe, porque sonhar é preciso e realizar é necessário.



         

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Flores da Vida



      Hoje resolvi fazer uma homenagem a todos os meus amigos-flores! Espero que, ao lerem o post de hj, cada um dos meus amigos possam se identificar em algum momento! Vcs são especiais pra mim!


FLORES DA VIDA

Amizades são flores na árvore da vida, e como se tivessem sido regadas por uma chuva de verão, nascem no fundo da alma, fazendo de um ser, morada.

Mas essa flor não é calada, não pára em paradas, não tem raiz e por isso é levada. Retirante de mim, navegante sem fim, deixa seu ser e cai na estrada. Porém vai despetalada. Hora aqui, hora ali... Sai deixando marcas que serão pra sempre lembradas por um coração cultivado, que se sente vazio por não ter sido levado pela flor que partiu.

Minh´alma é jardim secreto, florido de amigos de todas as cores, de todos os tons, de todos os dons, de todas as raças e pirraças, de todos os sons.

Alguns são “amigos-trevo”, pois me trazem muita sorte. Alguns são “amigos-azaléias”, pois trazem um pouco de alegria e colorido para os dias frios e solitários de inverno. Outros são “amigos-calêndulas”: abrem suas pétalas assim que o sol nasce, e as fecha na hora em que ele se vai. Alguns são “amigos-flor-de-lótus”, espirituais e puros, que emergem limpos e imaculados das águas turvas e lodosas; outros são “amigos-violetas” pequeninos e frágeis, mas perfeitos e companheiros.



Tem aqueles que são extremamente raros, dificeis de aparecer, mas quando aparecem, uma vez por ano, nos enche de alegria com sua beleza, a esses, chamo de “amigos-orquídeas”. Tem também os “amigos- rosa” aparecem quase que diariamente, são de diferentes cores e estilos, algumas pessoas dizem até que são amigos muito comuns e que não merecem tanta atenção, mas quem não se derrete todo ao receber rosas de presente?




Nesse jardim, existem aqueles amigos cheios de amores secretos, são os famosos “amigos-acácias”, e bem pertinho das acácias estão os “amigos-amor-perfeito” desses eu nem preciso falar nada, o nome fala por si só.


                                                                       

  Bem secretamente, cultivo em meu jardim o “cravo rosado”. É o meu preferido. Sei que não deveria ter um escolhido, mas os “amigos-cravo-rosados” me conquistaram mais ardentemente, não consigo evitar a preferência.   


Lá no portão do meu jardim, cultivo os “amigos-crisântemos” que carregam a essência da verdade em todas as suas pétalas; os cultivo bem na entrada, para que eles possam me fazer uma pessoa verdadeira e íntegra. Quem me ensinou isto foi um feiticeiro que vive em meio aos meus amigos-flores, o nome dele é Lírio, um senhor misterioso, mas muito sábio.



Os “amigos-flores-de-narciso” também estão lá, e pelo que pude observar esta manhã, ao caminhar pelo meu lugar secreto, os “amigos-flores-de-narciso” são um pouco vaidosos, adoram ficar nas margens dos rios para ter suas imagens refletidas nas águas e dessa forma ter sua beleza admirada por todos que por ali passarem. Às vezes acho que esses amigos são um pouco egoístas, mas sei que são importantes para mim, por isso insisto em cultivá-los. Mas faço questão de plantar, bem ao lado deles, os “amigos-jasmins” para que eles possam enxergar outras belezas e entendam que há outras coisas pra se admirar.



Lá no coração do meu lugar secreto, plantei um “amigo-girassol”. Ele sempre está lá, cheio de glória, forte e imponente, é fascinante olhar para ele. 




Uma espécie muito intrigante que cultivo é o “amigo flor-do-não-me-toque”, é difícil de se conviver com esse tipo de amigos. Não aceitam nossos conselhos, nos interpretam mal, e às vezes fico sem paciência com eles, mas depois entendo que são frágeis e só querem se proteger.




Eu mesmo tenho mania de proteger os habitantes do meu jardim. Sempre que os vejo saindo com urtigas ou plantas carnívoras, fico preocupado, triste e aflito; até tento aconselhá-los, mas às vezes é bom que alguém chegue a nos despetalar, pois só assim aprenderemos a viver nos jardins da vida.



Somos flores, somos ponte, somos fonte que alimenta a coragem de viver. Mas somos humanos, somos falhos, e é através do verdadeiro sentimento de amizade que desabrochamos, que florescemos, que crescemos.


                               AMIGOS SÃO FLORES DA VIDA: CULTIVE-OS!




  


            Thiago Almeida.